quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Energia


ECBrasil e defensores do Paranapanema discutem em reunião do gabinete


A presença de Ricardo Pigatto, proprietário da ECBrasil, para apresentar o projeto de um parque náutico que seria entregue a população em contrapartida pela construção de uma usina hidrelétrica em Piraju, no último trecho de corredeira do Rio Paranapanema, irritou algumas pessoas que são contra a construção deste tipo de empreendimento no município.
A reunião, que deveria se resumir a projeção de um filme ao prefeito e aos vereadores se transformou num intenso debate. De um lado, Ricardo Pigatto, alguns funcionários de sua empresa e a diretoria da Confederação Brasileira de Canoagem, junto com Eliana Carneiro, e do outro, presidentes de Organizações Não Governamentais (ONGs), ambientalistas e jovens que não querem a construção da usina.
No início do encontro, Pigatto começou a falar sobre a intenção de sua empresa em construir a usina mediante contra partida deixando claro, entretanto, que a população deveria decidir se aceitaria ou não a oferta que seria apresentada naquela oportunidade. Antes mesmo de terminar sua explanação, foi interrompido algumas vezes por Eliana Carneiro para dar algumas informações adicionais.
Durante alguns minutos, o proprietário pode esclarecer o motivo daquela reunião, mas quando tocou numa suposta inconstitucionalidade das leis vigentes que impedem a construção de usinas no município, criou uma discussão que quase inviabilizou a apresentação do projeto do parque náutico. Talvez o que muitos ali queriam.
Com os ânimos controlados, a empresa conseguiu por fim apresentar o vídeo, onde mostrava a calha do Rio Paranapanema natural e a calha com o rio represado, e também o projeto do Parque náutico, projetado por Scott Shipley, que esteve em Piraju e remou com alguns jovens da canoagem. O vídeo apresentou todas as formas de esporte que poderiam ser praticados no parque náutico explorando todas as possibilidades inclusive com complexo hoteleiro para turistas.
Após o término da apresentação do projeto, dirigentes da Confederação Brasileira de Canoagem (CBca) tentaram explicar quais os benefícios que o projeto traria para o desenvolvimento da canoagem como local de realização de provas, já que as competições só podem ser realizadas em pistas artificiais. Foi neste momento em que presidentes de ONGs, ambientalistas e defensores do movimento Rio Vivo se revezaram defendendo a não construção de usina, afirmando que o rio é a melhor pista que existe, algo que já foi dito pelos próprios dirigentes da CBca; que as leis existentes garantem que a população não quer mais construção de usina.
“Por que você não vai construir usina na sua cidade?”, perguntou um dos manifestantes a Ricardo Pigatto, lembrando que momentos antes ele havia lamentado o fato de sua cidade não ter a oportunidade que Piraju estava tendo. A mesma pergunta foi dirigida a um dirigente da CBca.
Enquanto a discussão esquentava no gabinete, do lado de fora, um grupo com cerca de 40 pessoas, jovens em sua maioria, se organizava com faixas e cartazes para protestar contra a usina, e que seriam apresentadas no momento em que os representantes da ECBrasil deixassem a Prefeitura.
Para os manifestantes que foram até a Prefeitura, a presença da ECBrasil já era um atentado ao rio, mas saber que os dirigentes da canoagem, incluindo aí Eliana Carneiro, estavam apoiando o projeto, foi um ingrediente a mais para que se criasse quase que uma revolta entre os defensores do rio. Tanto foi assim que a Elianinha, como é conhecida, foi acompanhada por um grupo de manifestante exibindo cartazes por um bom trecho, após deixar o prédio da Prefeitura.
Para a professora de educação física, funcionária da Prefeitura, sua atitude em sugerir o canal é apenas proteger os atletas de Piraju que estão expostos riscos como enormes anzóis deixados por pescadores nos locais onde acontecem os treinos. Além disso, acredita que o parque vai gerar renda para o município.
“Eu defendi a construção do parque náutico que vai gerar empregos, renda e vai projetar o município turisticamente no Estado todo. O projeto apresentado hoje é para ser discutido junto com os ambientalistas e com as demais entidades, a melhor maneira de se fazê-lo”, justificou-se Eliana que afirmou ter participado da reunião representando Gervásio Pozza, diretor de Turismo de Piraju que está de férias.
A questão sobre a construção ou não de mais uma usina em Piraju, será discutida em reuniões futuras. A ECBrasil pretende apresentar o mesmo projeto para a população no dia 27 de janeiro. Mesmo diante da receptividade nada calorosa que teve esta semana, Ricardo Pigatto foi categórico ao afirmar que quer apresentar sua proposta à população e, se a resposta for não, a usina não será construída.
“Eu acho o nosso projeto muito bom e vai trazer benefício para Piraju. Se eu não tivesse essa convicção, eu seria um maluco de me colocar nessa situação. Eu tenho certeza que a população de Piraju vai ser beneficiada. É impossível deixar de analisar o que acontece em municípios que tenham projetos semelhantes, como melhora de nível de vida, aumento de IDH e crescimento da economia. Eu não quero deixar de apresentar esse projeto para comunidade e deixar que ela se manifeste”, concluiu Pigatto que já apresentou um requerimento na Câmara de Piraju solicitando uma data para a reunião pública onde pretende apresentar o projeto a comunidade pirajuense.

Documento de libertação de duas escravas libertadas antes de 1888

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