quinta-feira, 8 de março de 2018

Teste da Fosfo requer mínimo 14 pacientes por tipo de câncer.

Chefe do Centro de Oncologia do Hospital São José afirma na CPI da Fosfo que número de pacientes em teste deve ser de no mínimo 14 por tipo de câncer
 
Ricardo Madalena, Roberto Massafera e dr. Antonio Carlos Buzaid
Três pontos chamaram a atenção no depoimento do dr. Antônio Carlos Buzaid, chefe do Centro de Oncologia do Hospital São José, em São Paulo, na sessão desta quarta-feira, 07/03, na CPI da Fosfoetanolamina, que acontece na Assembleia Legislativa de São Paulo. São eles: o não conhecimento sobre os estudos dos testes feitos pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) com a substância da Fosfoetanolamina sintética; que são os médicos os maiores interessados na cura de uma doença, descartando qualquer relação comercial com os laboratórios; e a concordância da necessidade de pelo menos 14 pacientes para testes para cada tipo de tumor, confirmando o que disseram os demais depoentes nas sessões anteriores.

A declaração foi feita após ser informado pelo presidente da CPI, deputado Roberto Massafera, que os testes feitos nas coortes (assim chamados cada grupo de teste com seu tipo de câncer) pelo ICESP, em uma existia apenas um paciente. “Se o objetivo a ser atingido com a droga é que pelo menos 20% dos pacientes apresente melhora (esse é um número universal), são necessários pelo menos 14 pacientes (por coorte)”, afirmou dr. Buzaid.

Após ouvir o depoimento do dr. Buzaid, o relator da CPI, deputado Ricardo Madalena, disse que “de um lado vemos a opinião médica sem embasamento nenhum. Apenas opiniões. E do outro lado vemos pacientes com relatos de melhora e até de cura (ingerindo a fosofoetanolamina). Continuaremos a apurar com transparência, responsabilidade se os protocolos (dos testes da Fosfo pelo ICESP) foram respeitados (seguindo o protocolo da Anvisa). Infelizmente, o que estamos investigando é temerário”.

Durante a sessão, a comissão da CPI recebeu manifestações de apoio às investigações, dentre elas um abaixo-assinado da cidade de Iacanga, entregue pelo jornalista Carlos Cardoso, contendo 2.500 assinaturas. Outras cidades do interior, como Américo Brasiliense, Araraquara, Ibitinga, Leme e Pirassununga, também manifestaram apoio.

A CPI da Fosfo investiga se os procedimentos realizados pelo ICESP com a substância seguiram o protocolo e as normas da Anvisa, e quanto o governo de São Paulo empregou em recursos para a realização dos testes A CPI tem prazo de 90 dias para concluir as investigações, podendo ser prorrogada por mais 45 dias. A próxima sessão está marcada para o dia 13 de março, quando será ouvido o dr. Roger Chammas. E haverá também sessão no dia seguinte, quando depõe o dr. Paulo Hoff, que conduziu os testes da Fosfoetanolamina no ICESP.

PERFIL

Dr. Antônio Carlos Buzaid é graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Atua na área de Oncologia Clínica. Na Universidade de Yale, nos EUA, foi Professor Assistente, Diretor Médico do Centro de Melanoma e Co-Diretor do Centro de Câncer de Pulmão por 4 anos. Com 450 capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior, é membro da American Society of Clinical Oncology e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Atualmente é Chefe Geral do Centro de Oncologia do Hospital São José.

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