Chefe do Centro de Oncologia do Hospital São José afirma na CPI
da Fosfo que número de pacientes em teste deve ser de no mínimo 14 por tipo de
câncer
Três pontos chamaram a atenção no depoimento do dr. Antônio
Carlos Buzaid, chefe do Centro de Oncologia do Hospital São José, em São Paulo,
na sessão desta quarta-feira, 07/03, na CPI da Fosfoetanolamina, que acontece
na Assembleia Legislativa de São Paulo. São eles: o não conhecimento sobre os
estudos dos testes feitos pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)
com a substância da Fosfoetanolamina sintética; que são os médicos os maiores
interessados na cura de uma doença, descartando qualquer relação comercial com
os laboratórios; e a concordância da necessidade de pelo menos 14 pacientes
para testes para cada tipo de tumor, confirmando o que disseram os demais
depoentes nas sessões anteriores.
A declaração foi feita após ser informado pelo presidente da
CPI, deputado Roberto Massafera, que os testes feitos nas coortes (assim
chamados cada grupo de teste com seu tipo de câncer) pelo ICESP, em uma existia
apenas um paciente. “Se o objetivo a ser atingido com a droga é que pelo menos
20% dos pacientes apresente melhora (esse é um número universal), são
necessários pelo menos 14 pacientes (por coorte)”, afirmou dr. Buzaid.
Após ouvir o depoimento do dr. Buzaid, o relator da CPI,
deputado Ricardo Madalena, disse que “de um lado vemos a opinião médica sem
embasamento nenhum. Apenas opiniões. E do outro lado vemos pacientes com
relatos de melhora e até de cura (ingerindo a fosofoetanolamina). Continuaremos
a apurar com transparência, responsabilidade se os protocolos (dos testes da
Fosfo pelo ICESP) foram respeitados (seguindo o protocolo da Anvisa).
Infelizmente, o que estamos investigando é temerário”.
Durante a sessão, a comissão da CPI recebeu manifestações de
apoio às investigações, dentre elas um abaixo-assinado da cidade de Iacanga,
entregue pelo jornalista Carlos Cardoso, contendo 2.500 assinaturas. Outras
cidades do interior, como Américo Brasiliense, Araraquara, Ibitinga, Leme e
Pirassununga, também manifestaram apoio.
A CPI da Fosfo investiga se os procedimentos realizados pelo
ICESP com a substância seguiram o protocolo e as normas da Anvisa, e quanto o
governo de São Paulo empregou em recursos para a realização dos testes A CPI
tem prazo de 90 dias para concluir as investigações, podendo ser prorrogada por
mais 45 dias. A próxima sessão está marcada para o dia 13 de março, quando será
ouvido o dr. Roger Chammas. E haverá também sessão no dia seguinte, quando
depõe o dr. Paulo Hoff, que conduziu os testes da Fosfoetanolamina no ICESP.
PERFIL
Dr. Antônio Carlos Buzaid é graduado pela Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo. Atua na área de Oncologia Clínica. Na Universidade
de Yale, nos EUA, foi Professor Assistente, Diretor Médico do Centro de
Melanoma e Co-Diretor do Centro de Câncer de Pulmão por 4 anos. Com 450
capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior, é membro da American
Society of Clinical Oncology e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
Atualmente é Chefe Geral do Centro de Oncologia do Hospital São José.