quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Cultura


O Livro de João

Somente um caminhante atento às suas andanças pelo mundo, poderia ter juntado num livro de poesias, pessoas de personalidades tão diferentes e cozinhado num caldeirão encantado, uma iguaria de sabores surpreendentes a cada página. O livro 69 de João Reimão, escrito para comemorar a nova idade do escritor, inicia quem sabe um período de reflexão sobre a diversidade humana e sua contribuição para a harmonia, signo sob o qual o Universo se rege e as bênçãos que derrama sobre aqueles que o compreendem, sem paixões, medos ou mesmo sem os ressentimentos, pecados tão humanos, por vezes demasiadamente.
Essa capacidade de perceber o imperceptível, à olhos desatentos voltados apenas as fronteiras próximas da alma, deram ao escritor uma rota para penetrar os infinitos caminhos, dentre os quais um que o conduziu até a cidade que o acolheu, a qual ele ama sem nenhum pudor, e ao contrário de muitos outros, sem ressentimentos.
Generoso por conta de sua natureza mundana, João Reimão comemorou seus 69 anos, e seu aniversário, sem minha presença por conta de um pequeno desencontro, não deixou porém, de registrar minha contribuição à cidade, colocando-me dentro de um dos seus maiores símbolos, a velha Maria Fumaça, requebrando seus vagões pelas bitolas estreitas e apitando na curva, para lembrar-nos que o tempo não espera por ninguém. Não temos ele, ele nos tem.
Honrado pela deferência, devolvo a gentileza como cavalheiro que sou, aceitando de pronto a mão estendida e o abraço fraterno, assumindo meu lugar à mesa, como sempre foi.
Faço parte de uma geração que começa a envelhecer, e por isso não posso perder o que conquistei ao longo da vida, por um instante de sentimentos mal dosados, repletos de emoções equivocadas, que tento mais não consigo reprimir.
Distante, muito distante da sabedoria dos santos, que apesar de perfeitos são chatos, aprendi que se nos abrem uma porta devemos ultrapassá-la sem nenhum pudor. É só assim que as histórias podem ser reconstruídas e quem sabe num futuro muito distante, contadas à beira de um rio, que apesar de todos nós, continuará correndo e inspirando outros 69.

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