terça-feira, 6 de novembro de 2018

Resultado das eleições e o cenário político de Piraju

José Maria Costa com Márcio França
 a quem apoiou abertamente

É comum surgir comentários sobre o desempenho dos candidatos e de seus apoiadores após a conclusão da apuração de uma eleição.
Em Piraju, isso não é diferente e já pudemos ouvir alguns comentários sugerindo que este o ou aquele candidato teve resultado bom ou ruim devido ao apoio de determinadas personalidade no município.
É claro que o apoio e ajuda que um candidato, especialmente a governador, deputado estadual e federal, tem no município, pode influenciar nos resultados das urnas. Esta análise, entretanto, não pode ser feita sem critério e outros fatores relevantes que, também podem contribuir, ou não, na votação de um candidato.
E, ainda, a apuração destes fatos deve ser feita sem que o analista se deixe levar por preferências e ideologias políticas e amizade e outras questões que podem influenciar o resultado de seu trabalho que pode acabar simplesmente em conjecturas.
A votação de determinado candidato, não pode ser atribuída, simplesmente, ao apoio ou trabalho de políticos locais. Nos dias atuais é preciso levar em conta a disposição do eleitorado, o clima eleitoral, uso de meios de comunicação, investimento financeiro na campanha e situações em que os candidatos estiveram envolvidos quando se trata de reeleição.
Carlinhos Pneus e Márcio França

Nas eleições de 2018 o eleitorado estava propenso à mudança, farto de corrupção e atento às informações sobre a atuação e comportamento de cada um dos deputados no cumprimento de seu mandato como envolvimento em atividades suspeitas. No resultado desta eleição, ficou claro que, pelo menos parte dos eleitores, está atenta a tudo para saber em quem votar e em quem não votar.
E, só para contrariar, José Maria Costa, Carlinhos Pneus e Fabiano Amorim, especificamente nesta ordem, foram os políticos mais influentes nesta eleição em Piraju. Isso não significa que algum desses políticos será o próximo prefeito de Piraju, mas dá uma ideia do cenário político local. Veja por que:

Deputados federais

As redes sociais mostraram nesta eleição como que uma notícia, dada como fofoca, pode ter um efeito devastador. Um exemplo disso é o que aconteceu com Fernando Capez, candidato a deputado federal por São Paulo que, em 2014 teve 592 votos e, agora, em 2018 conseguiu apenas 203 devido a notícias de suposto envolvimento no caso da “máfia da merenda”, o esquema de desvios e superfaturamento de compras de alimentos para escolas públicas em São Paulo, resultou na acusação formal de nove pessoas.

Fabiano Amorim e o candidato Alexandre Pereira
No caso de Capez, as notícias veiculadas nas redes sociais sobre sua suposta participação na “máfia da merenda”, ação que foi, posteriormente, trancada no Supremo Tribunal Federal (STF), pode ter sido o principal motivo da queda em sua votação, sem contar o fato de que ninguém trabalhou para o político por aqui.
Outro fato que tirou votos de muitos candidatos a deputado federal foi forma como votou no pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para autorizar a análise de denúncia criminal contra Michel Temer (PMDB), por corrupção passiva, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Neste caso muitos deputados, com representantes em Piraju, votaram pela rejeição da denúncia como Milton Monti, Goulart, Dr. Sinval Malheiros, Eli Corrêa Filho, Guilherme Mussi, Paulinho Pereira, Jorge Tadeu Mudalen, Baleia Rossi, etc. O castigo veio nas urnas.
Milton Monti, que sempre teve boa votação em Piraju, viu seu voto minguar caindo de 1.661 nas eleições de 2014 para 896 em 2018. O deputado não se reelegeu.
O motivo desta queda de votos ficou evidente na penúltima visita que o deputado fez a Piraju antes das eleições quando muitas pessoas se manifestaram pelas redes sociais criticando seu posicionamento na votação da denúncia contra Temer. Como sempre, Monti tinha representante em Piraju trabalhando por sua reeleição, mas isso não foi suficiente para manter seus votos.

Mesmo o olhar crítico do eleitorado em face das ações dos deputados, em alguns casos não foi suficiente para derrubar um candidato. Entre os deputados que votaram pela rejeição da denúncia de Temer, há casos que é necessária análise mais profunda para entender o que aconteceu. Paulinho Pereira, que está entre os que votaram com Temer, mas conseguiu aumentar sua votação de 892 em 2014 para 1.220 em 2018.
Neste é preciso lembrar que Paulinho, tem muitos amigos em Piraju e sempre visita a cidade. Além do mais, nesta eleição defendia não só sua candidatura, mas também na de seu filho Alexandre Pereira, que foi candidato a deputado estadual. Por isso, o deputado investiu pesado, contratou um grupo pessoas para trabalhar na campanha e não economizou em santinhos. Com tudo isso, mais o apoio do vice-prefeito Fabiano Amorim, que também é do seu partido, conseguiu acrescentar 328 à sua votação da eleição anterior. Já Alexandre teve uma queda em sua votação que, de 574 em 2014 foi para 316 em 2018.

Perdas e danos

Dentre todos os candidatos a deputado federal o que teve a perda maior foi Guilherme Mussi do PP, partido que tem o vereador Denilton Bergamini como presidente. Dos 1.181 que conquistou em 2014 quando seu partido tinha Denilton como vice-prefeito, conseguiu recuperar apenas 356 nas eleições de 2018. Guilherme Mussi foi mais um deputado que votou em barrar a investigação a Temer.
 Ana Perugini do PT, que antes das eleições fez uma visita a Elói Caputo, proprietário do jornal Folha de Piraju, também perdeu e viu sua votação cair de 379 votos para 33 e não foi reeleita. Vale salientar que Ana Perugini votou pela investigação de Temer.

Ainda falando de deputados não podemos nos esquecer de que alguns vereadores também mostraram força. José Caros Brandini aumentou do Dr. Sinval Malheiros de zero em 2014 para 540 votos e Leonardo Tonon aumentou os votos da deputada Keiko Ota de 8 para 226.

Deputados estaduais

Entre os candidatos estaduais também houve perdas. A maior foi a Gil Lancaster do DEM que teve 958 votos em 2014 e apenas 7 votos nestas eleições e não conseguiu se reeleger. Lancaster teve o vereador Marcão da Ambulância como cabo eleitoral em 2014. Com a mudança que teve no partido, o deputado perdeu o suporte que tinha em Piraju.

Antônio Salim Curiati do PP, de Denilton Bergamini foi de 308 votos foi para 24 e também ficou de fora da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Edson Giriboni, que é do PV, sigla da qual Elói Caputo é presidente também teve uma queda na sua votação que 307 foi para 207 e ficou de fora da Assembleia Legislativa. Por ser presidente do PV de Piraju, entende-se que Elói deve ter se empenhado pela reeleição de Giriboni para mostrar que o partido mantém a força que adquiriu nos últimos anos, mas parece que o resultado ficou bem aquém do esperado.

Os melhores resultados

Entre os melhores sucedidos nesta eleição estão Ricardo Madalena que conseguiu multiplicar por seis a votação que teve em 2014 e somou 4. 280 votos, um recorde em Piraju ficando atrás apenas de Maurício Pinterich com 7.213 votos quando disputou as eleições de 2010 para o cargo de deputado estadual e Zezão Pansanato com 6.175 votos que concorreu a uma vaga na Câmara Federal em 1998.
A grande votação de Madalena pode ser atribuída, principalmente, às constantes visitas a Piraju, o apoio ao prefeito José Maria Costa nas demandas em São Paulo e a luta pelas melhorias e duplicação da rodovia Raposo Tavares.

Em todas as entrevistas que concedia antes do período de campanha, José Maria fez questão de falar da ajuda e atenção que Madalena dava ao município e que precisava ser reeleito.
A expressiva votação de Ricardo Madalena foi também consequência da divulgação de seu trabalho feita, inicialmente, pelo, então vereador e presidente do PR de Piraju Carlos Camargo de Lima que, a cada vez que usava a tribuna lembrava a todo das ações do deputado na região. Com o tempo, mais políticos que se uniram para reeleger um deputado com residência na região com mais chance de chegada e empresários como Lauro de Melo.
Os vereadores Valberto Zanatta, Leonardo Tonon, José Carlos Nunes e o vice Fabiano Amorim participaram de ações de campanha nas ruas do comércio de Piraju e numa carreata. Para ajudar o amigo, Carlinhos Pneus fez um trabalho solitário frente á frente com seus eleitores para reeleger o deputado.

Major Amaral também foi um vitorioso em sua primeira eleição ficando com 1.101 votos que conseguiu mobilizando seus amigos. Ainda não se tem notícia de seus planos para o futuro na política local, mas vale lembrar que a soma de seus votos é pouco para uma investida mais ousada.
Fernando Cury também pode se consideração em sucedido em Piraju. Este sim teve apoio declarado do prefeito José Maria Costa que é de seu partido o PPS, conseguiu aumentar sua votação de 237 de 2014 para 587, um aumento de 145% em seus votos. O apoio do prefeito deve ter influenciado os eleitores uma vez que o deputado, mesmo auxiliando Piraju, esteve por aqui poucas vezes.
O mesmo aconteceu com Goulart que pode ser considerado um vitorioso das eleições em Piraju apesar de não ter sido reeleito. No caso de Goulart, o prestígio do prefeito fica evidente, pelo menos para quem consegue enxergar além do que quer. Até os adversários mais ferrenhos do prefeito, porém conscientes da atual situação, concordam com isso. Nas eleições 2014 Goulart teve apenas 66 votos e, nas eleições deste ano aumentou seus votos para 460.

Isso significa que, em tese, o apoio direto do prefeito José Maria Costa, resultou num aumento de 600% em sua votação. O fato de Goulart não ter sido reeleito, não foi pela votação de Piraju. Se tivesse conseguido o mesmo resultado em outras cidades, iria continuar como deputado. Vale lembrar que Goulart estava entre os deputados que votaram a favor de Temer e pelo não prosseguimento da investigação por corrupção do presidente.

Governador

E ainda tem votação dos candidatos a governador. Em Piraju, os mais votados no primeiro turno foram Márcio França, João Dória e Paulo Skaf. Logo no início da campanha, José Maria Costa hasteou a bandeira de França em sua residência mostrando que sua preferência pelo candidato que esteve em Piraju e com quem teve muito contato nos últimos meses.

Não deu. Dória venceu, mas José Maria mostrou força e foi o responsável por parte dos 7.507 votos conquistados por França do PSB numa cidade que sempre foi reduto do PSDB. Fabiano Amorim e outros também declaram apoio a Márcio França, porém, nenhum deles foi tão engajado como José Maria.
Para os pessimistas de plantão, o fato de o prefeito de Piraju ter votado em Márcio França pode fazer com que João Doria feche as portas do Palácio dos bandeirantes para Piraju e para os prefeitos que apoiaram França. Ledo engano. Como, evidentemente, tem planos para voos mais altos, Dória tem muito interesse em aumentar seu poder de votos e fará de tudo para conquistar os votos que ainda não tem inclusive os de Piraju. Abrir uma secretaria para atender as demandas do interior é apenas uma forma de desburocratizar o encontro com os prefeitos cuja secretaria é mais um convite para irem à São Paulo do que confiná-los em suas prefeituras. Afinal, Dória confia muito em seu poder de convencimento numa conversa olhos nos olhos. Não resta dúvida que vai proporcionar oportunidades de receber os prefeitos sem o inconveniente da papelada de protocolo que, no tempo adequado será enviado a nova secretaria do interior.

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