José Maria Costa com Márcio França a quem apoiou abertamente |
É comum surgir comentários sobre o desempenho dos candidatos
e de seus apoiadores após a conclusão da apuração de uma eleição.
Em Piraju, isso não é diferente e já pudemos ouvir alguns
comentários sugerindo que este o ou aquele candidato teve resultado bom ou ruim
devido ao apoio de determinadas personalidade no município.
É claro que o apoio e ajuda que um candidato, especialmente
a governador, deputado estadual e federal, tem no município, pode influenciar
nos resultados das urnas. Esta análise, entretanto, não pode ser feita sem
critério e outros fatores relevantes que, também podem contribuir, ou não, na
votação de um candidato.
E, ainda, a apuração destes fatos deve ser feita sem que o
analista se deixe levar por preferências e ideologias políticas e amizade e
outras questões que podem influenciar o resultado de seu trabalho que pode
acabar simplesmente em conjecturas.
A votação de determinado candidato, não pode ser atribuída,
simplesmente, ao apoio ou trabalho de políticos locais. Nos dias atuais é
preciso levar em conta a disposição do eleitorado, o clima eleitoral, uso de
meios de comunicação, investimento financeiro na campanha e situações em que
os candidatos estiveram envolvidos quando se trata de reeleição.
Carlinhos Pneus e Márcio França |
Nas eleições de 2018 o eleitorado estava propenso à mudança,
farto de corrupção e atento às informações sobre a atuação e comportamento de
cada um dos deputados no cumprimento de seu mandato como envolvimento em
atividades suspeitas. No resultado desta eleição, ficou claro que, pelo menos
parte dos eleitores, está atenta a tudo para saber em quem votar e em quem não
votar.
E, só para contrariar, José Maria Costa, Carlinhos Pneus e
Fabiano Amorim, especificamente nesta ordem, foram os políticos mais influentes
nesta eleição em Piraju. Isso não significa que algum desses políticos será o
próximo prefeito de Piraju, mas dá uma ideia do cenário político local. Veja
por que:
Deputados federais
As redes sociais mostraram nesta eleição como que uma
notícia, dada como fofoca, pode ter um efeito devastador. Um exemplo disso é o
que aconteceu com Fernando Capez, candidato a deputado federal por São Paulo
que, em 2014 teve 592 votos e, agora, em 2018 conseguiu apenas 203 devido a
notícias de suposto envolvimento no caso da “máfia da merenda”, o esquema de
desvios e superfaturamento de compras de alimentos para escolas públicas em São
Paulo, resultou na acusação formal de nove pessoas.
Fabiano Amorim e o candidato Alexandre Pereira |
No caso de Capez, as notícias veiculadas nas redes sociais
sobre sua suposta participação na “máfia da merenda”, ação que foi, posteriormente,
trancada no Supremo Tribunal Federal (STF), pode ter sido o principal motivo da
queda em sua votação, sem contar o fato de que ninguém trabalhou para o
político por aqui.
Outro fato que tirou votos de muitos candidatos a deputado
federal foi forma como votou no pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR)
para autorizar a análise de denúncia criminal contra Michel Temer (PMDB), por
corrupção passiva, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Neste caso muitos
deputados, com representantes em Piraju, votaram pela rejeição da denúncia como
Milton Monti, Goulart, Dr. Sinval Malheiros, Eli Corrêa Filho, Guilherme Mussi,
Paulinho Pereira, Jorge Tadeu Mudalen, Baleia Rossi, etc. O castigo veio nas
urnas.
Milton Monti, que sempre teve boa votação em Piraju, viu seu
voto minguar caindo de 1.661 nas eleições de 2014 para 896 em 2018. O deputado
não se reelegeu.
O motivo desta queda de votos ficou evidente na penúltima visita
que o deputado fez a Piraju antes das eleições quando muitas pessoas se
manifestaram pelas redes sociais criticando seu posicionamento na votação da
denúncia contra Temer. Como sempre, Monti tinha representante em Piraju
trabalhando por sua reeleição, mas isso não foi suficiente para manter seus
votos.
Mesmo o olhar crítico do eleitorado em face das ações dos
deputados, em alguns casos não foi suficiente para derrubar um candidato. Entre
os deputados que votaram pela rejeição da denúncia de Temer, há casos que é
necessária análise mais profunda para entender o que aconteceu. Paulinho
Pereira, que está entre os que votaram com Temer, mas conseguiu aumentar sua
votação de 892 em 2014 para 1.220 em 2018.
Neste é preciso lembrar que Paulinho, tem muitos amigos em
Piraju e sempre visita a cidade. Além do mais, nesta eleição defendia não só
sua candidatura, mas também na de seu filho Alexandre Pereira, que foi
candidato a deputado estadual. Por isso, o deputado investiu pesado, contratou um
grupo pessoas para trabalhar na campanha e não economizou em santinhos. Com tudo
isso, mais o apoio do vice-prefeito Fabiano Amorim, que também é do seu
partido, conseguiu acrescentar 328 à sua votação da eleição anterior. Já
Alexandre teve uma queda em sua votação que, de 574 em 2014 foi para 316 em
2018.
Perdas e danos
Dentre todos os candidatos a deputado federal o que teve a
perda maior foi Guilherme Mussi do PP, partido que tem o vereador Denilton
Bergamini como presidente. Dos 1.181 que conquistou em 2014 quando seu partido
tinha Denilton como vice-prefeito, conseguiu recuperar apenas 356 nas eleições
de 2018. Guilherme Mussi foi mais um deputado que votou em barrar a
investigação a Temer.
Ana Perugini do PT,
que antes das eleições fez uma visita a Elói Caputo, proprietário do jornal
Folha de Piraju, também perdeu e viu sua votação cair de 379 votos para 33 e
não foi reeleita. Vale salientar que Ana Perugini votou pela investigação de Temer.
Ainda falando de deputados não podemos nos esquecer de que
alguns vereadores também mostraram força. José Caros Brandini aumentou do Dr.
Sinval Malheiros de zero em 2014 para 540 votos e Leonardo Tonon aumentou os
votos da deputada Keiko Ota de 8 para 226.
Deputados estaduais
Entre os candidatos estaduais também houve perdas. A maior
foi a Gil Lancaster do DEM que teve 958 votos em 2014 e apenas 7 votos nestas
eleições e não conseguiu se reeleger. Lancaster teve o vereador Marcão da
Ambulância como cabo eleitoral em 2014. Com a mudança que teve no partido, o
deputado perdeu o suporte que tinha em Piraju.
Antônio Salim Curiati do PP, de Denilton Bergamini foi de
308 votos foi para 24 e também ficou de fora da Assembleia Legislativa de São
Paulo.
Edson Giriboni, que é do PV, sigla da qual Elói Caputo é presidente
também teve uma queda na sua votação que 307 foi para 207 e ficou de fora da
Assembleia Legislativa. Por ser presidente do PV de Piraju, entende-se que Elói
deve ter se empenhado pela reeleição de Giriboni para mostrar que o partido
mantém a força que adquiriu nos últimos anos, mas parece que o resultado ficou
bem aquém do esperado.
Os melhores resultados
Entre os melhores sucedidos nesta eleição estão Ricardo
Madalena que conseguiu multiplicar por seis a votação que teve em 2014 e somou
4. 280 votos, um recorde em Piraju ficando atrás apenas de Maurício Pinterich com
7.213 votos quando disputou as eleições de 2010 para o cargo de deputado
estadual e Zezão Pansanato com 6.175 votos que concorreu a uma vaga na Câmara Federal
em 1998.
A grande votação de Madalena pode ser atribuída,
principalmente, às constantes visitas a Piraju, o apoio ao prefeito José Maria
Costa nas demandas em São Paulo e a luta pelas melhorias e duplicação da
rodovia Raposo Tavares.
Em todas as entrevistas que concedia antes do período de
campanha, José Maria fez questão de falar da ajuda e atenção que Madalena dava
ao município e que precisava ser reeleito.
A expressiva votação de Ricardo Madalena foi também consequência
da divulgação de seu trabalho feita, inicialmente, pelo, então vereador e presidente
do PR de Piraju Carlos Camargo de Lima que, a cada vez que usava a tribuna
lembrava a todo das ações do deputado na região. Com o tempo, mais políticos
que se uniram para reeleger um deputado com residência na região com mais
chance de chegada e empresários como Lauro de Melo.
Os vereadores Valberto Zanatta, Leonardo Tonon, José Carlos
Nunes e o vice Fabiano Amorim participaram de ações de campanha nas ruas do
comércio de Piraju e numa carreata. Para ajudar o amigo, Carlinhos Pneus fez um
trabalho solitário frente á frente com seus eleitores para reeleger o deputado.
Major Amaral também foi um vitorioso em sua primeira eleição
ficando com 1.101 votos que conseguiu mobilizando seus amigos. Ainda não se tem
notícia de seus planos para o futuro na política local, mas vale lembrar que a
soma de seus votos é pouco para uma investida mais ousada.
Fernando Cury também pode se consideração em sucedido em
Piraju. Este sim teve apoio declarado do prefeito José Maria Costa que é de seu
partido o PPS, conseguiu aumentar sua votação de 237 de 2014 para 587, um
aumento de 145% em seus votos. O apoio do prefeito deve ter influenciado os
eleitores uma vez que o deputado, mesmo auxiliando Piraju, esteve por aqui
poucas vezes.
O mesmo aconteceu com Goulart que pode ser considerado um
vitorioso das eleições em Piraju apesar de não ter sido reeleito. No caso de
Goulart, o prestígio do prefeito fica evidente, pelo menos para quem consegue enxergar
além do que quer. Até os adversários mais ferrenhos do prefeito, porém
conscientes da atual situação, concordam com isso. Nas eleições 2014 Goulart
teve apenas 66 votos e, nas eleições deste ano aumentou seus votos para 460.
Isso significa que, em tese, o apoio direto do prefeito José Maria Costa, resultou
num aumento de 600% em sua votação. O fato de Goulart não ter sido reeleito,
não foi pela votação de Piraju. Se tivesse conseguido o mesmo resultado em
outras cidades, iria continuar como deputado. Vale lembrar que Goulart estava
entre os deputados que votaram a favor de Temer e pelo não prosseguimento da
investigação por corrupção do presidente.
Governador
E ainda tem votação dos candidatos a governador. Em Piraju,
os mais votados no primeiro turno foram Márcio França, João Dória e Paulo Skaf.
Logo no início da campanha, José Maria Costa hasteou a bandeira de França em
sua residência mostrando que sua preferência pelo candidato que esteve em
Piraju e com quem teve muito contato nos últimos meses.
Não deu. Dória venceu, mas José Maria mostrou força e foi o
responsável por parte dos 7.507 votos conquistados por França do PSB numa
cidade que sempre foi reduto do PSDB. Fabiano Amorim e outros também declaram
apoio a Márcio França, porém, nenhum deles foi tão engajado como José Maria.
Para os pessimistas de plantão, o fato de o prefeito de Piraju
ter votado em Márcio França pode fazer com que João Doria feche as portas do
Palácio dos bandeirantes para Piraju e para os prefeitos que apoiaram França.
Ledo engano. Como, evidentemente, tem planos para voos mais altos, Dória tem
muito interesse em aumentar seu poder de votos e fará de tudo para conquistar
os votos que ainda não tem inclusive os de Piraju. Abrir uma secretaria para
atender as demandas do interior é apenas uma forma de desburocratizar o
encontro com os prefeitos cuja secretaria é mais um convite para irem à São
Paulo do que confiná-los em suas prefeituras. Afinal, Dória confia muito em seu
poder de convencimento numa conversa olhos nos olhos. Não resta dúvida que vai proporcionar
oportunidades de receber os prefeitos sem o inconveniente da papelada de
protocolo que, no tempo adequado será enviado a nova secretaria do interior.
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