quinta-feira, 7 de abril de 2011

Usina em Piraju

Janderson representante da EC Brasil no gabinete do prefeito

EC Brasil apresenta proposta para construção
de usina em Piraju


Um grupo de representantes da empresa Energias Complementares do Brasil (EC Brasil), se reunião às portas fechadas na quinta-feira (24), com o prefeito Francisco Rodrigues e sua assessoria para apresentar uma proposta compensatória para a construção de uma usina hidrelétrica no único trecho de corredeiras do Rio Paranapanema em Piraju orçada inicialmente em 150 milhões. A existência de pelo menos cinco leis municipais e uma federal que impedem este tipo de empreendimento no município parece não ter sido suficiente para inibir os empresários a vir até Piraju visualizando uma possível revogação dessas leis. De acordo com um dos sócios da empresa, Janderson dos Santos Maciel, que se reuniu na manhã de sexta-feira (25), com o prefeito, vereadores, representantes de ONGs e imprensa local, a proposta apresentada pela empresa é um canal artificial para prática do esporte de canoagem com uma área de lazer que poderá ser usada todo o ano, nos moldes de um que já existe na cidade de Golden, no Estado do Colorado nos Estados Unidos. Apesar do esforço de Janderson em explanar a oferta a um grupo de pelo menos vinte e cinco pessoas presentes ao gabinete do prefeito, a proposta foi encarada pela maioria com desconfiança. Uma série de questionamentos que abordaram desde o capital social e “now-how” da empresa até uma suposta ligação com a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) foram levantadas.
Desconfiado, o jornalista Théo Motta articulista e colaborador da Folha de Piraju, questionou como uma empresa com um capital social de 24 milhões estaria se propondo em levar adiante um empreendimento avaliado em 150 milhões. “Será que mais adiante teremos novamente por aqui a CBA, desta vez como parceira da sua empresa? Caso fique decidido que Piraju quer mais uma usina, preferimos a CBA que sabemos ter condições financeiras para concluir a obra e não a EC Brasil que tem apenas três anos de existência, disse Motta.
Apesar de ter sido o único a manifestar sua preocupação, a desconfiança de Théo parece ser a mesma da maioria dos presentes que suspeitam que a empresa possa trazer outros parceiros “inconvenientes” para Piraju a fim de construir a usina.
A avalanche de perguntas que caiu sobre Janderson Maciel, deixando o representante da EC Brasil na defensiva, parece não ter afetado os outros diretores da empresa que estiveram com o prefeito e alguns de seus assessores. Um membro da equipe da administração pública de Piraju presente à reunião, afirmou que o presidente da EC Brasil Ricardo Pigatto, seria o mais preparado para esclarecer às dúvidas apresentadas na manhã de sexta-feira (24).
Talvez, a desconfiança de que a EC Brasil não tenha now-how para construir usinas hidrelétricas possa ser atribuída ao fato de que a empresa atua mais na construção de parques de geração de energia eólica do que hidrelétrica. Entretanto, a falta de empreendimentos da EC Brasil em hidrelétricas não deve ser problemas e a possibilidade da vinda parceiros para o empreendimento pode se tornar realidade caso a população aceite mais uma usina no município. Segundo informou o jornal Folha do Sul Gaúcho em setembro de 2010, a EC Brasil teria se unido com a Eletrosul, vinculada a estatal Eletrobrás, uma gigante em construção e administração de hidrelétricas e eólicas, para realizar um empreendimento na pequena cidade gaúcha de Pinheiro Machado. A parceria teria sido firmada por intermédio de Edgar Cardeal, um profissional do setor elétrico que teria se apresentado como “sócio” da EC Brasil. Fontes revelaram que Edgar seria irmão de Valter Cardeal que até 2010 era diretor da Eletrobrás. À época dos fatos, Ricardo Pigatto teria confirmado ligação de Edgar Cardeal com a EC Brasil como “consultor”.
Desculpas
De acordo com Janderson, a presença dos representantes da empresa em Piraju, se deve ao suposto crime ambiental cometido por alguns profissionais contratados pela EC Brasil que entraram no Parque do Dourado e fizeram uma “picada” na mata às margens do Rio Paranapanema para instalar pontos para medição. O sócio da empresa lamentou o ocorrido dizendo que a atitude dos profissionais contratados não foi orientada por sua empresa. “Nós pedimos desculpas por esta atitude”, disse o empresário. Janderson disse ainda que a EC Brasil possui autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para realizar estudos para implantação de usina hidrelétrica em Piraju, mas não mostrou a autorização alegando que estava em seu carro, dizendo posteriormente que o documento poderia ser encontrado no site da ANEEL. Após minuciosa pesquisa, não encontramos o documento.
Apesar de toda discussão que a presença dos empresários causou na cidade, parece ter ficado claro que dificilmente outra usina será construída em Piraju. Segundo ficou acordado após a reunião no gabinete do prefeito, a empresa fará um estudo sobre a viabilidade do empreendimento e o resultado será passado para a população através de audiências públicas. A despeito de qualquer mimo que a empresa ofereça, vale lembrar que as leis existentes proibindo usinas em Piraju já seriam suficientes para que a conversa, por uma questão de educação, tenha ficado apenas na explanação da oferta da empresa feita por Janderson Maciel. Caso não seja assim, fica a preocupação de que as leis vigentes que protegem o município deste tipo de empreendimento sejam apenas moeda de troca a ser usada num leilão grotesco.

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