quarta-feira, 24 de junho de 2015



Vinicius Garcia chama de hipocrisia discurso dos que querem alteração no PME


“Vamos parar com hipocrisia. Gênero e diversidade sexual não me ofendem e não é para ser um assunto que ofendesse ninguém”, disse o vereador ao usar a tribuna da Câmara ao falar sua posição sobre o assunto.

O projeto que prevê alteração no Plano Municipal de Educação de Piraju (PME) tem agora Vinicius Garcia como único vereador que decidiu se colocar contra a retirada dos termos gênero e diversidade sexual da lei que prevê diretrizes para o ensino municipal de Piraju.
A matéria, que é uma iniciativa do vereador Eduardo Pozza atendendo ao pedido de um grupo de cidadãos preocupados de que esteja previsto em lei municipal discussão, debate e ensino de ideologia de gênero nas escolas municipais de Piraju, foi lida em plenário e agora segue para análise do procurador jurídico da Casa e da comissão de justiça e redação.
Desde que surgiu a movimentação para retirada do termo gênero e diversidade, inserido entre os “Temas Transversais” no Plano Municipal de Educação, Garcia já tinha posição definida sobre a questão. Somente quando o projeto foi apresentado como objeto de deliberação na sessão ordinária desta semana, o vereador Vinicius Garcia se posicionou contra a propositura. Ao justificar seu voto, Garcia destacou que a escola é o lugar certo para informar sobre o tema e que sabia o que estava votando quando aprovou o PME que passou pela Câmara.
“Não vejo problema nenhum no tema gênero e diversidade sexual. Eu acho que o lugar certo para se informar as coisas é na escola dentro da faixa etária de cada aluno. Você não vai ensinar sexualidade para criança que tenha cinco ou seis anos, mas você vai ensinar dentro da faixa etária”, declarou o vereador que taxou como preconceituosa a atitude de quem quer evitar a abordagem do tema nas escolas. “O que a gente precisa é parar com preconceito de que o que vale pra mim, vale pra todo mundo e deixar a escola fazer a função dela. O projeto não é ofensivo a nada, não se mistura ideologia de gênero com o projeto em si. Sou contrário, aprovei o que acreditava e continuo firme em minha opinião. Sou contra e não concordo que o projeto seja sequer deliberado porque ele foi aprovado e já passou por esta casa”.
Na explicação pessoal, momento da sessão da Câmara em que os vereadores usam a tribuna para falar de assuntos diversos, Vinicius Garcia voltou a abordar o assunto e usou todo o tempo a que tinha direito (10min) para explicar sua posição. Garcia iniciou seu discurso dizendo que é do bem, que é uma pessoa religiosa e respeita o posicionamento de todos. A seguir destacou que não vê no projeto qualquer possibilidade de que seja implantada nas escolas de Piraju a ideologia de gênero.
“A gente não pode misturar as coisas. Falar que vamos impor a ideologia de gênero, que a criança vai ter um banheiro só na escola, que vai seguir cartilha gay, pelo amor de Deus gente. Vamos ter consciência do que a gente está falando do que estamos colocando pra fora. Vamos trabalhar com a informação, não com a falta de informação. É essa falta de informação que faz com que a gente tenha este tipo de coisa que está sendo falada. Porque a informação, o que está no projeto, não é nada disso”, disse o vereador que vê o projeto, em sua forma original, como uma ferramenta para formar cidadãos melhores que respeitam as diferenças.
Continuando seu discurso, Vinicius questionou alguns de seus colegas e manifestantes que querem a alteração do plano em defesa da família. “Gay não tem família? Nasceu ao acaso?”, indagou o vereador que, no afã de defender o que acredita, entrou num controverso tema sobre a sexualidade.  “Aí se diz, mas a pessoa escolheu ser gay ou você nasceu hétero. Eu sou hétero, nunca tive problema com isso. Eu não escolhi ser hétero, nasci hétero. Gay nasce gay”. Foi exatamente neste ponto que, o discurso de Vinicius que defende o trabalho de informação nas escolas sobre a diversidade sexual, no sentido de orientar os alunos sobre a existência e respeito das mais variadas opções sexuais de seus colegas, pode ter provocado reações contrárias. Tanto é assim que, ao usar a tribuna, o presidente da Câmara Carlos Alberto Camargo de Lima fez questão de contrapor a colocação de Vinicius dizendo: “Todo gay, todo transexual tem família sim. Tem pai, tem mãe, são queridos, são amados. Só que a diferença que eu tenho certeza é que eles escolheram, foi opção deles serem assim. Não foram induzidos e é por isso que estamos tendo hoje este cuidado”.
Durante anos, tem havido discussões, debates e estudo sobre opção, orientação e condição sexual entre os que acreditam que isso nada mais é que produto do meio, ou seja, que a pessoa faz uma opção após sofrer influência e circunstância do meio em que vive e os que acreditam na questão da hereditariedade. Sobre este tema, o Dr. Eduardo Adnet, médico psiquiatra, escreveu num artigo publicado em sua página na internet.
“Nem a criação e nem o evolucionismo pode sustentar a argumentação que de alguém já nasce homossexual. Embora antagônicas e fortemente opostas entre si, nem a exposição evolucionista e muito menos a visão teológica da existência têm como, deixar tornar, insustentável e insubsistente a argumentação de que alguém já nasça homossexual”, diz Eduardo Adnet estudioso no assunto. Abordando a questão de forma científica, Felipe Moura Brasil, um articulista da revista Veja escreveu em seu blog.
 “Por exemplo, muitos conservadores na mídia, alegremente, usam o termo “gay” ou “direitos dos homossexuais”, assim como frases como ele ou ela “saiu do armário”. Entretanto, esse tipo de colocação parte do pressuposto que pessoas nascem homossexuais, um mito que nem a Associação Americana de Psiquiatras, pró-gay, apoia mais. Após anos de pesquisas, dúzias de cientistas pró-homossexuais falharam em encontrar o gene homossexual e os poucos que afirmam terem encontrado foram posteriormente desacreditados por usarem metodologias fraudulentas ou descuidadas. Além do mais, o Dr. Francis Collins, chefe do Projeto Genoma Humano, reuniu mais de 150 dos maiores geneticistas para a decodificação do genoma humano e eles não conseguiram encontrar um gene “gay”. Ele simplesmente inexiste”.
A declaração de Vinicius sobre sua visão da origem de opção sexual de cada pessoa foi ouvida em silêncio por cerca de 50 pessoas que estiveram na Câmara para acompanhar o trâmite do projeto de Eduardo Pozza. Mais uma vez, não houve vaia nem aplauso. Apenas resignação e a esperança de que os vereadores atuem para defender os interesses de todos e não as próprias.  Cabe destacar, entretanto, que numa visão mais empática da questão, o termo hipocrisia que, traduzido ao pé da letra é o ato de fingir que se tenha qualidades, ideias ou sentimentos que na realidade não se possui, não é o mais apropriado para aquele grupo de pessoas e de outras que pensam da mesma forma que elas. Da mesma forma como Vinicius pediu no início de sua fala , não seja encarado como criminoso, como homem público que é, o bom senso pede que dê pelo menos o benefício da dúvida ao grupo que reivindica a alteração no Plano Municipal de Educação que parece representar a maioria da população de Piraju.

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