sexta-feira, 4 de maio de 2018

Suspeitas, discursos e áudio esquentam clima político e esfria harmonia na Câmara

Vereadores com o vice-prefeito Fabiano e prefeito José Maria no início de seus mandatos. Harmonia comprometida.

O uso da tribuna pelos vereadores na sessão ordinária desta semana, mostrou sintomas de que a união dos vereadores pode estar comprometida e que o discurso uníssono do início dessa Legislatura de sintonia entre os vereadores e o prefeito, já não ecoa entre os pares.
No início, o comportamento dos vereadores era consoante com o discurso, mas a situação foi mudando a medida em que cada vereador analisava e verificava que não estava havendo reciprocidade na relação entre o Executivo e o Legislativo.

Prestígio do prefeito
Com o passar do tempo, alguns parlamentares foram se definindo pela situação ou oposição, através da linha de trabalho ou da postura que adotaram em relação ao Executivo. Muitos vereadores dizem não gostar dos rótulos “situação” e “oposição”, entretanto, a classificação é inevitável na política uma vez que há partidos, ideologias e, por que não, até interesses envolvidos, como por exemplo, desejo de reeleição, o que muitos, também negam.
Hoje, na Câmara, não pode afirmar categoricamente que a oposição é maior que a situação, até porque, tem vereadores que fazem questão de deixar a dúvida de lado estão e até trabalham para aumentar a cortina de fumaça. Pode-se garantir, entretanto, que o prestígio político do prefeito entre os vereadores anda na corda bamba.

CP: início do atrito
Desde o fim de 2017, esse posicionamento de alguns vereadores começou a mexer com a, suposta harmonia, que existia na Câmara. A instauração da Comissão Processante(CP), pedindo a cassação do prefeito José Maria Costa, fez com que as especulações de quem era da situação ou oposição, aumentasse. A expectativa do placar da votação na sessão em que o relatório da CP seria apresentado aos vereadores era de 7 votos pelo arquivamento contra 4 pela cassação. Através de uma reclamação de que a CP negou direito de defesa ao prefeito e teria perdido prazo para realizar o trabalho de investigação, a Justiça suspendeu os trabalhos da Comissão e, até agora, ninguém soube o resultado e, se determinar a CP como nula, ninguém ficará sabendo.

Suspeitas
Foi justamente por causa da CP que a animosidade entre os vereadores aumentou ainda mais. Tudo começou com o vereador Aparecido Donizetti Cassanho que foi apontado como tendo sido cooptado pela situação através de, supostos favorecimentos, a ele e a seu pai, enquanto participava da Comissão Processante. Desde então, vive uma situação incomoda na Câmara duvidando a lealdade de seus amigos e tendo sua lealdade também questionada.
Áudio
Depois circulou nas redes sociais uma mensagem de áudio em que o vereador Valberto Zanatta declara para um interlocutor identificado simplesmente pelo primeiro nome, Luciano, que seu colega Genival Borges (Gina) iria votar pelo arquivamento da CP. Gina foi cobrado por ter seu voto declarado antes da votação e sem, a menos, ter lido o relatório. Gina não gostou da atitude do colega, mas evitou polemizar.
Oishi. Sabor de fim de semana


Analisar antes de votar
Na sessão posterior a suspensão da sessão extraordinária da leitura do relatório da CP, o vereador Antônio Carlos, usando a tribuna lamentou a paralização da CP, criticou a postura de alguns colegas e pediu que os eleitores sejam mais criteriosos ao escolher os candidatos, principalmente em relação aos que já participaram de alguma legislatura, incluindo ele próprio. A mensagem parece que tinha destinatário certo.
“Então não se deixe levar por falsas promessas de época de campanha, um ou outro presentinho.  Depois são quatro anos tendo que suportar aqueles que te deram os presentinhos que recebeu, os sorrisos e os tapinhas nas costas. Não estou dizendo que votem em mim, mas em pessoas que merecem ser votadas e reeleitas. Vamos pensar nas eleições senão vocês terão que nos suportar, inclusive eu. Façam a escolha certa se o Dr. Antônio não foi bom, não atendeu as expectativas, não produziu nada, não arrumou recursos para o Município, ficou suspeito em mau comportamento em todos os sentidos financeiro, político, relacionado a vantagens indevidas me julguem mesmo. Esse critério deve ser aplicado a todos os que estão aqui e a todos que estão no Executivo”, recomendou o Antônio Carlos Corrêa.

Reflexão antes de falar
Na sessão ordinária realizada na quarta-feira (2), por causa do feriado, Genival Borges decidiu falar sobre o áudio que circulou na internet e da atitude de seu colega Valberto Zanatta, que mencionou seu nome e declarou sobre qual seria seu voto no relatório da CP. Gina disse ter sido pego de surpresa quando viu seu nome circulando nas redes sociais em relação a sua posição na CP. Sem mencionar nomes, até porque era desnecessário, pediu a seus colegas reflexão para evitar manchar a Câmara.
“Confesso que fiquei muito triste com toda essa situação e queria deixar bem claro que minha posição de avalição em relação a essa CP só seria revelada depois que a Comissão fizesse o relatório dela respeitando os nobres vereadores que fizeram parte dessa comissão e nunca declarei meu voto nem para minha esposa ou o para o meu filho.  Graças as Deus eu tenho princípios, fé em Deus e respeito todos os vereadores desta casa. Então que pensemos bem antes de comentar alguma coisa ou citar nomes ou tomar alguma atitude que venha manchar o trabalho e a confiança dessa casa de Leis”, frisou o Gina Borges que durante toda a semana teve que lidar com o constrangimento causado pelo teor do áudio que citava seu nome.



Sem desculpas
Em seguida, na mesma sessão, Valberto Zanatta ocupou a tribuna e todos esperavam um pedido de desculpas ao colega o que não aconteceu. Ao contrário do que todos esperavam, Valberto usou boa parte de seu tempo para ler uma mensagem que foi interpretada como uma resposta ao discurso do vereador Antônio Carlos Corrêa.
Depois de falar dos eventos realizados na cidade no feriado prolongado do Dia do Trabalho, Valberto leu uma mensagem que postou em seu perfil na rede social. No texto, Valberto inicia falando de seu ingresso na vida pública, de seu perfil político, trabalho de equipe e oposição.
“Desde que comecei minhas atividades públicas há mais de 20 anos, tenho por convicção que o político tem como missão prezar pelo bem do município e de seus moradores. Podem existir muitas maneiras de atingirmos o tão falado “bem comum”. A que eu escolhi não me permite maldizer um colega, ser um constante crítico oposicionista, ridicularizar outro ser humano e bradar na mídia contra homens e mulheres como se os mesmos fossem sempre mal-intencionados e inconsequentes.
Considero que o trabalho em equipe é a base para o desenvolvimento de nossa cidade, que começa nas pequenas ações do dia a dia. Por isso, desde que reiniciei meus trabalhos como vereador em 2017, decidi contribuir para com o Executivo em suas ações que considerava positivas para nós pirajuenses. Não foi uma escolha fácil, mas a melhor para nossa cidade, com certeza!

Ser oposicionista ferrenho o tempo todo é simples! Mas, “quem nunca errou que atire a primeira pedra”! Todos somos humanos e podemos cometer deslizes, mas a ânsia por fazer o bem deve ser valorizada e sobrepor nossos erros, se estes não prejudicarem diretamente de forma grave os munícipes. Que possamos dar também atenção aos bons feitos de cada um dos que ocupam cargos públicos nesta cidade e não somente desejar a crucificação dos mesmos por possíveis faltas cometidas. Às vezes, um cartão amarelo já é suficiente para apontar uma irregularidade que tenha ocorrido.
Desde minha campanha eleitoral, digo que “Juntos Somos Mais” e quero assumir com vocês novamente o compromisso de trabalharmos unidos”, diz a mensagem de Zanatta.

Clima frio

O que se pôde notar pela reação dos vereadores após a sessão foi que, a ausência de qualquer menção de um pedido de desculpas na mensagem de Valberto, deixou o clima político na Câmara ainda mais pesado e pode ser um indício de que a harmonia na Câmara foi colocada em xeque pelo desgaste comum das discussões políticas que alí acontecem e comportamento dos pares. É claro que isso não que dizer que os vereadores se tornaram inimigo, mas que o antagonismo alí já está muito mais que evidente.

E a situação pode piorar ainda mais. Mais uma CP tramita Câmara pedindo a cassação do prefeito José Maria e será preciso harmonia entre os pares para que a discussão seja feita a fim de refletir a vontade do povo como diz o Regimento Internos da Câmara. Os vereadores têm capacidade de sobra para administrar seus conflitos. Basta apenas, que não haja interferência externa.  


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