sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

No início de sua história Piraju era referência para a região

Piraju no início de seus 138 anos de história
Municípios vizinhos dependiam da força política de Piraju para onde recolhiam taxas esperando receber de volta o que pagaram em serviços públicos

Por João Dias Ramos


Piraju no início de sua história
1860, século XIX, tempo do nascimento de São Sebastião do Tijuco Preto, localizado no sertão sul da Província,  local este cobiçado por terras uberíssimas e pelo próprio Vale do Paranapanema. Quem toma as primeiras medidas politico administrativas era o presidente da Província que  obedecia ordens do Imperador D. Pedro II.
As terras denominadas de São Sebastião do Tijuco Preto (SSTP), anterior a sua fundação era habitada pelos índios da tribo guarani – caiuás, os quais, praticamente foram extintos dessa região. Viviam pacificamente com a natureza, da caça e da pesca e pequenas plantações. Antes da fundação de SSTP estabeleceu-se aqui o Aldeamento de São Sebastião do Piraju, administrado pela província sendo seu cuidador ou presidente o Frei José de Loro, permanecendo e vivendo aqui por algum tempo com os caiuás, catequizando-os e ensinando-os.
Apesar dos esforços da catequese realizada pelo Frei José de Loro no Aldeamento aqui existente, os índios guarani- caiuás não suportaram a força do progresso e do crescimento de Tijuco Preto. Vejamos a nota do Correio Paulistano em 14 de agosto de 1890:
Dos requerimentos despachados  Remeteram-se:
“Ao chefe da catequese dos índios do Vale do Paranapanema, para informar, cópia do ofício de Antonio Benedito de Lacerda, participando existirem pessoas no Aldeamento do Piraju, que abusam dos índios, fazem roçados e derrubadas,  nas terras da mesma aldeia – Ao Dr. Juiz de Órfãos de São Sebastião do Tijuco Preto”
SSTP foi crescendo e ganhando vulto, depois de sua fundação várias famílias foram se estabelecendo no pequeno patrimônio, ocupando-se da produção de alimentos e por volta de 1886 já exportava excedentes da produção de suínos, fumo e aguardente, segundo o relatório resultante da Expedição comandada pelo engenheiro Teodoro Sampaio.
Com seu crescimento e já sendo politicamente representativo, no inicio da República  tornando-se uma comarca em 1890, além daqueles que se ocupavam da agricultura, outros tiveram que ajudar na organização política, surgindo daí certa divisão entre grupos políticos, chegando a ter conflitos marcantes antes mesmo da nova era política que iniciaria com a República em 1889.
Entre os povoados próximos o mais representativo politica e economicamente, tornava-se um município ou comarca, evoluía na sua representatividade política perante a capital da província, agregando em torno de si os outros pequenos povoados que primeiramente denominavam-se distritos de paz, Termo, Vila, distrito policial, freguesia.
Quando falamos “agregando-se” ao mais forte politicamente, aí desenhamos o perfil destes povoados que ao torna-se distritos de paz, agregando-se aquela comarca ou município tornaram-se por décadas de uma dependência dos chefes políticos (coronéis) que lhes custaram caro a sua própria formação como cidadãos representativos de seu próprio distrito, demorando décadas para livrarem-se desse atrelamento dependente “peia ”. Que corroía seus alicerces com repercussão na educação economia e política.

A exemplo Piraju, inicialmente chamava-se São Sebastião do Tijuco Preto, fundado como povoado em 1860, localidade esta conhecida pela capital da Província como sendo um rincão, sertão hostil, localizado ao sul da província,  habitado pelos índios guaranis – caiuás, que assim fundado após a chegada de seus fundadores, logo cresce e torna-se o maior entre os demais patrimônios (pequenos povoados) e lidera politicamente, tornando-se a comarca, agregando-se em torno de si estes pequenos povoados sendo seus distritos. São eles: Manduri, Sarutaiá , Timburi e .Belo Monte  que tinham que recolher seus impostos ao município sede (Piraju), ficando dependente  até mesmo pela troca de uma lâmpada ou uma escola melhor.

A carta do Distrito de Manduri reclamando das altas taxas cobradas dos carroceiros por Piraju. O inicío da carta mostra que o pedido não se tratava de insurgência 
“são todos submissos”
Por intermédio do nosso amigo João Costa Guimarães, chegou aos meus conhecimentos que os proprietários de carroças de aluguel estão atualmente lutando com dificuldades para efetuar o pagamento dos impostos que estão sujeitos. Pois não há quase serviços para os mesmos; como seja, ......de café a quase nulas.....pedem-me pois pedir .....peço-lhes dispensas dos mesmos as......seguintes: Que seja cobrado somente ...., que importará em novecentos mil réis.......Não será estranho para vossa s. as dificuldades que presentemente surjam ...., pelo que eles imploram é cabível. Estes contribuintes são todos submissos, os quais se pedem o motivo da redução é pelo motivo já exposto. Espero pois ser for possível seja atendido o que ora exponho, e peço-lhes dando-me a resposta pelo portador desta, do que de tudo antecipadamente agradeço-lhes.
Cincinato Cândido do Carmos
Espécie de Sub- prefeito de Manduri nomeado pelos mandatários de Piraju

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