quarta-feira, 16 de maio de 2018

Valdemar de Oliveira cobra ação dos vereadores sobre pagamento a empresa de Ipaussu

Valdemar de Oliveira na Tribuna "Livre" da Câmara

O cidadão Valdemar de Oliveira, ex-assessor para assuntos externos da gestão do ex-prefeito Francisco Rodrigues, usou a tribuna da Câmara para cobrar dos vereadores apuração mais aprofundada quanto ao pagamento do valor de R$ 7 mil a uma empresa de Ipaussu contratada por dispensa de licitação. Valdemar lembrou aos vereadores que a resposta da Prefeitura ao requerimento do vereador José Carlos Brandini sobre o fato, teria sido enviada sem as notas fiscais e outras informações que poderiam dar mais clareza a situação.
Em seguida, Valdemar disse que não sabe qual deve ser a atitude da Câmara diante da ausência de informações e que esperou que os vereadores cobrassem o Executivo Prefeitura, o que não teria ocorrido. Diante disse, Oliveira disse ter levado o caso a polícia.

“Não sei qual trabalho a Câmara deveria fazer nestes casos porque, entendo eu que seria o caso de uma apuração mais profunda por esta Casa. Então tomei a iniciativa, esperei algumas sessões sequentes e, como nada aconteceu, então tomei a iniciativa de fazer um procedimento na polícia para que se apure se existe de fato a irregularidade ou não”, disse Valdemar de Oliveira na tribuna da Câmara.
Logo depois de abordar esta questão, o ex-assessor da administração de Francisco Rodrigues, começou a falar de outra questão envolvendo alguns vereadores na CP que tramita na Câmara. Quando começou a falar, Valdemar foi interrompido pelo presidente da Câmara Denilton Bergamini que pediu para que falasse apenas sobre o que estava na pauta de seu discurso, ou seja, a questão envolvendo o pagamento a empresa de Ipaussu.
Mais tarde, em seu perfil nas redes sociais, Valdemar publicou um texto falando sobre qual assunto queria falar e que foi impedido.
“Pretendia eu, perguntar aos vereadores como ficaria o caso seríssimo da fala do vereador Valberto Zanatta quanto a uma das Comissões Processantes que tramitam naquela Casa, ainda sobre as denúncias na Promotoria Pública quanto ao favorecimento ao vereador Donizetti e seu pai”, escreveu Valdemar que aproveitou a liberdade das redes sociais para protestar contra o impedimento de poder abordar o assunto na tribuna da Câmara.

Tribuna Livre

Quem assistiu ou soube que Denilton Bergamini chamou a atenção de Valdemar de Oliveira, impedindo-o de sair do tema que iria abordar para entrar em outro, pode até ter estranhado o comportamento do vereador, mas sua atitude foi simplesmente a de que cumprir seu papel de presidente da Câmara, amparado pelo artigo 193 do Regimento Interno da Câmara, que lhe permite interromper e até cassar a palavra do cidadão no uso da tribuna. É exatamente isso. Denilton agiu de acordo como manda as regras do Legislativo.
A situação envolvendo o uso da tribuna da Câmara pelo cidadão Valdemar de Oliveira, levantou uma questão que merece atenção por parte dos vereadores, se quiseram manter o termo “Livre” no capítulo II do Regimento interno da Câmara que trata da “Tribuna Livre”.
É que, do jeito que se encontra a redação do Regimento Interno quanto ao uso da tribuna pelo cidadão, a condição de “liberdade” quase inexiste uma vez que, para falar na chamada “Casa do Povo”, há regras que praticamente desestimulam a participação de pessoas na discussão de problemas do Município, principalmente, nos que se referem, especificamente, ao comportamento e ineficácia dos vereadores e prefeitos.
Para usar a tribuna da Câmara, o cidadão tem que fazer o requerimento ao presidente do Legislativo que pode negar o uso quando “a matéria não disser respeito, direta ou indiretamente, ao Município e ainda, quando a matéria tiver conteúdo político-ideológico, ou versar sobre questões, exclusivamente, pessoais”. E não adianta reclamar. De acordo com o Regimento Interno, a decisão do presidente é irrecorrível.

É claro que regras são necessárias para usar a tribuna, para não se correr o risco de o Legislativo se transformar no circo de horrores que se vê por aí, entretanto, submeter o cidadão a critérios, nem sempre democráticos de alguns políticos, é temerário e, talvez até, intimidativo.
O Regimento Interno lembra ao orador que ele responderá por qualquer conceito ou juízo de valor que emitir em seu discurso e que, após o término do uso da Tribuna Livre, um vereador será designado para usar a palavra por dez minutos.
Se algum membro do Legislativo for citado pelo orador, já poderá apresentar o contraditório imediatamente, uma vez que o teor do discurso, em tese, já será de seu conhecimento. Sem contar que o presidente pode interromper e cassar a palavra do orado em qualquer momento.
Com essas garantias de que o orador utilize bem o tempo que lhe foi concedido evitando desacatar os membros do Legislativo, parece que não é necessário impor regras para reprimir que o inscrito para a usar a tribuna, reprima o teor de seu discurso e sua redação e comportamento ao falar respeite a dignidade do Poder Legislativo. Infelizmente não é assim que ocorre. Ao usar a tribuna, o orador tem que tirar o teor político-ideológico de seu texto o que dá impressão de censura prévia. A proibição é estranha porque, em quase todos os discursos dos vereadores na explicação pessoal, é fácil notar teor político-ideológico em seus discursos ao falar de assuntos relacionados ao município. 
 “É ou não é  preciso mudar isso”, disse uma que passava na Câmara no exato momento em que Valdemar de Oliveira tinha deixado a tribuna.
O Regimento Interno da Câmara passou por reforma recentemente, mas parece que ainda merece revisão de algumas situações como essa que aconteceu na sessão desta terça-feira (15) e outra já apontada pelo vereador Antônio Carlos Corrêa que vislumbrou um equívoco no tramite de uma CP.
As redes sociais têm mostrado o interesse de algumas pessoas em participar das questões que envolvem os vários setores da administração pública. Muitos o fazem acobertados pelo mundo cibernético e muito poucos se dispõem em mostrar a cara como fez Valdemar de Oliveira.
Facilitar o uso da Tribuna Livre com regras democrática, entretanto, com penalidades severas para quem extrapolar, pode ajudar, em muito, aos vereadores porque lhes permitirá conhecer o perfil dos eleitores, seus principais descontentamentos e, principalmente aqueles de liderança inata que podem ser seus verdadeiros aliados.    
      

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