Rompimento de Fabiano e José Maria |
A parceria José Maria e Fabiano entrou para o rol de prefeito e vice de administradores de Piraju que não permaneceram juntas o mandato todo. Assim como aconteceu com quase todos
prefeitos e vices que assumiram a gestão do município, a atual dupla de
políticos não suportou a pressão política, que naturalmente, pesa sobre os ombros
dos gestores municipais.
No caso de José Maria Costa e Fabiano Amorim, há tempos, já haviam
sinais de que o relacionamento tinha deteriorado por desconfiança de ambas as
partes. José Maria desconfiava de traição e Fabiano de deslealdade. Parece que
os dois conversaram, mas não se acertaram. Enquanto isso, viviam de aparências
mostrando para a população estava tudo bem, quando na verdade os ânimos estavam
acirrados nos bastidores.
Quando surgiu a primeira denúncia na Câmara pedindo a
cassação do prefeito José Maria, a coisa degringolou de vez. Com a possibilidade
de cassação do prefeito, choveram especulações e elucubrações sobre a fonte da
denúncia, os autores e quem seriam os beneficiários caso o prefeito fosse apeado
do cargo. A situação virou coquetel molotov, nitroglicerina pura, ideal para implodir qualquer
torre forte, que dirá de uma relação fragilizada.
Ao ter uma vitória na Justiça, num mandado de segurança
para suspender a sessão ordinária em que seria votado o relatório da CP que
pede sua cassação, José Maria tomou a inciativa e rompeu com o vice Fabiano, exonerando
a ele das duas diretorias que comandava e o assessor Cláudio Pezão, da pasta do Esporte, ambos do
Solidariedade.
Pouco depois, Fabiano Amorim convoca e imprensa para uma
coletiva e, depois da lamentar o ocorrido e rechaçar todas as acusações de que teria
tramado contra o prefeito, o agora, ex-vice de José Maria, falou sobre alguns pontos que, para ele, ficaram obscuros em toda essa situação. A seguir, extraímos da entrevista
coletiva concedida por Fabiano, suas impressões sobre o ocorrido.
Demissão via telefone.
Fabiano. Eu achei que foi falta de
respeito. Primeiro tem que ter uma conversa franca e clara e todo ato administrativo
tem que ser fundamentado. E foi através de uma simples ligação e de pessoas que
não tem competência para exonerar. Quando soube isso aconteceu, eu avisei ao
prefeito que estaria no Departamento de Turismo para uma conversa e ele não apareceu.
Oposição como represália.
Fabiano. Sou contra situação extrema
de partido de oposição e situação. Em algumas situações o Solidariedade será
situação e oposição. Depende da importância do assunto. Se for para o bem do
município e da população o Solidariedade será a favor do contrário será contra.
Não é porque o Solidariedade não está mais na administração que será oposição.
Este tipo de política não cabe mais.
Trabalhando por
Piraju.
Fabiano. Ontem mesmo o
Paulinho da Força pediu que eu fizesse um ofício ao governador do Estado,
Márcio França, solicitando R$ 1 milhão para serem aplicados em pavimentação
asfáltica. Eu e os vereadores do Solidariedade já fizemos isso em prol do
município. Não é porque eu e o prefeito não estamos mais juntos que não vou
fazer o que é minha competência.
Saída da Paulo Sara
do Solidariedade.
Fabiano. Paulo
saiu por pura hipocrisia. Ficou não partido até o momento que foi conveniente para
ele. Ele ficou até o momento ele
vislumbrou qual seria o resultado da cassação do prefeito. Ele saiu do partido
porque ele precisa do trabalho dele. Foi por questão financeira como ele mesmo
disse para mim. Não foi por questão de caráter ou ideologia partidária.
Articulações contra o
prefeito.
Fabiano. Quisera eu
ter o poder de convencer oito vereadores para votar contra o prefeito. Eu
estaria satisfeito com minha influência política. Nunca tive conversa com
vereador para dizer “vote nisso ou naquilo.” Pergunte a qualquer um deles.
Sobre o pagamento
para empresa da Ipaussu.
Fabiano.
Prefeito achou que tinha dado informação para o Brandini sobre o pagamento
indevido para a empresa de Ipaussu da esposa do assessor do deputado do Jorge Tadeu.
Na verdade, não fui eu, foi o Paulo Sara deu essa informação porque estava
descontente com o Toninho Rufato. Por várias vezes ele confidenciou a mim que
estava descontente na administração porque estava perdendo espaço para o
Rufato.
O prefeito numa viagem que fez comigo tinha mencionado. “tem
um pagamento que eu fiz que pode dar problema para mim”, mas eu não falei para
ninguém. O Brandini teve essa informação através do Paulo Sara.
Reunião com o
prefeito.
Fabiano. Depois dessa
conversa onde o prefeito impôs uma definição do partido em tom de ameaça. Fizemos
uma reunião do partido e concordamos que continuaríamos na base do prefeito. Contudo
exigimos algumas mudanças que seriam definidas numa reunião a ser marcada futuramente
pelo prefeito. Essa reunião não foi marcada.
Apoio de José Maria
para Fabiano na eleição de 2020.
Fabiano.
Houve esse acordo e foi explícito. Depois que ele assumiu, já nos primeiros
meses já mudou a conversa. Conversei com o prefeito onde eu propus que continuássemos
juntos e, lá na frente, se ele tivesse condições de ser reeleito, sem problema nenhum
eu continuaria vice.
Dificuldades nas
pastas.
Fabiano.
Assumi três
pastas. No decorrer houve muito boicote ao meu trabalho. Isso foi minando. O
que combinado na campanha é que eu teria apoio para da administração em todo
trabalho que eu fosse desenvolver para que meu nome chegasse forte para a
próxima eleição. Logo no começo eu já percebi que isso não seria bem assim. Eu
elaborava projetos e na hora de executar ouvia, “não”. As verbas que eu tinha
no turismo foram reduzidas pela metade sem, ao menos, o prefeito me comunicar.
Não tive apoio da administração nas viagens da canoagem mesmo conseguindo
baixar o valor. Nos campeonatos de futebol e na FECAPI, também não entre outros
eventos.
Realização da FECAPI.
Fabiano. Hoje temos uma lei aprovada
que dá a qualquer interessado na realização da FECAPI um suporte financeiro de R$
150 mil de uma emenda parlamentar do capitão Augusto. A FECAPI não é minha, é
um patrimônio cultural da população pirajuense. Se não for realizada não vai
atingir a mim, nem me comprometer financeiramente. O turismo de Piraju sim. Os shows
foram firmados por acordo de cavalheiros. Não vou ter que pagar shows do meu
bolso. Mas acho uma pena se não acontecer. A Prefeitura não vai ter gasto nenhum,
se decidir realizar o evento.
Ligação com as
denúncias apresentadas na Câmara.
Fabiano.
A primeira foi feita em dezembro quando eu estava diretamente ligado ao
prefeito. Nós estávamos juntos. Eu nem tinha conhecimento de nada disso porque
já tinha me afastado do gabinete. Isso tudo são teoria de conspiração e o
prefeito muitas vezes se deixou levar por isso, haja visto, ter acreditado que
foi eu quem passou para o vereador Brandini as informações sobre a empresa de
Ipaussu para fazer requerimento.
Motivo do Rompimento.
Fabiano. Se deu muito mais por questão
de personalidade. O prefeito é uma pessoa de difícil convivência, as vezes autoritário.
Na campanha era outro. Ele não se mostrou autoritário. Era um momento de ajuste
e comprometimentos recíprocos. Depois que assumimos nunca fui consultado para
dar opinião.
Vitória nas urnas.
Fabiano. Foram um conjunto de
fatores que nos levaram a vitória. Não foi só o Zé Maria. Não foi só o Fabiano.
Não foi só a união Fabiano e Zé Maria. Foram as pessoas que acreditaram em nó e
trabalharam para a gente.
Desequilíbrio do
prefeito.
Fabiano. Passara por
um processo de cassação desequilibra qualquer prefeito. Não posso dizer se tem
motivo para cassação. Sei que tem dois membros se manifestaram pela cassação,
mas sobre os fatos eu não tenho conhecimento. Não é fácil para ninguém passara
por uns situação dessa
Projeto Fabiano 2020.
Fabiano. Continuo com minha intenção e disposição de ser candidato em 2020.
Muita água vai rolar e isso depende de vários fatores e não só da minha
vontade.
Assumir em caso de cassação.
Fabiano. Estou preparado para assumir.
Se não estivesse nem candidato a vice teria sido
Ligação com Jair Damato.
Fabiano. Não tive contato pessoal
com ele. Apenas que o diretório do MDB que deliberou e recomendou pela cassação
na CP. Nada impede que, lá na frente o MDB e o Solidariedade, estejam juntos.
Nova ligação política
com José Maria.
Fabiano. Não
posso dizer que não. Política não é feita por uma pessoa. É por grupo. Às vezes
você tem que deixar o ego e vaidade de lado em favor do grupo.
Pensamento.
Fabiano. Todo mundo sabe que eu tenho
minha situação profissional definida desse muito cedo. Nunca me apresentei como
doutor. Não tenho dourado, mas as pessoas que chamam por respeito. As pessoas
que não estão preparadas para assumir um cargo ou estar investida de um cargo
que lhe dá uma ascensão. Com isso a soberba, a arrogância e a prepotência
imperam. Eu graças, Deus na minha vida em todos lugares em que passei, as
equipes com que trabalhei nunca viram em mim esses defeitos.
Paulo Sara responde.
Quando anunciei minha desfiliação do Solidariedade e falei
de “caráter” estava me referindo a característica da minha personalidade e de
ninguém mais. Também, quando mencionei sobre o rumo que o partido está tomando,
também estava me referindo a minha pessoa uma vez que, nesse momento, em virtude
da função que exerço na Prefeitura, não posso deixar que minha ideologia
política interfira e prejudique o meu trabalho, cujo salário, complementa a
renda com a qual sustento minha família.
Quanto ao meu relacionamento com o Rufato, talvez o Fabiano
não tenha entendido minhas colocações. Quando falei com ele sobre com ele isso estava
apenas alertando que, quem estava perdendo espaço na administração era o Solidariedade,
partido do qual eu fazia parte. Particularmente, conheço o Toninho Rufato há
anos e sempre tive um excelente relacionamento com ele. Em relação ao requerimento
do Brandini acredito que isso já estava esclarecido entre mim e o prefeito
antes de toda a história vir à tona.
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